domingo, 8 de abril de 2012

Jericoacoara


Jericoacoara é um vilarejo especial no norte do Ceará que pára para ver o sol se pôr, no mar, em todas as tardes do ano. Moradores e turistas partem de várias ruas ao mesmo tempo, e o ritual se completa no alto da grande duna de areia. Pensando bem, ali o sol não se põe: ele se exibe, dá um show de cores e formas no céu.

Para a duna, antes de anoitecer, convergem os idiomas e sotaques distintos que fazem de Jericoacoara um dos pontos
mais internacionais do litoral brasileiro. Ali se conhece quem acabou de chegar, para uma visita de poucos dias, e também os ex-viajantes que nunca mais foram embora. Um caminhoneiro sulista, uma fisioterapeuta européia, esportistas norte-americanos: eles estão lá, junto dos nativos, administrando pousadas e restaurantes.

Ainda sobre a duna, diante de capoeiristas fazendo piruetas na areia e do céu pintado de
lilás, rosa e laranja, feito um quadro de Monet gigantesco que a noite logo vai esconder, são agendados passeios, encontros, festas, aulas de windsurfe e jogos de futebol. "A areia corre veloz, escova as pernas, chega até os olhos", escreveu um italiano sobre o lugar. A vila pacata oferece descanso e também movimento.

Praias, lagoas e parque nacional





A 280 km de Fortaleza, a cidade de Jijoca de Jericoacoara é a porta de entrada para a vila de Jeri,
escondida atrás das dunas. São necessários veículos com tração nas quatro rodas para chegar lá, no refúgio à beira-mar. Jijoca tem boa estrutura de pousadas e as águas azuis da Lagoa Paraíso, que enche nas temporadas de chuva, no primeiro semestre. Em período de seca, melhor tomar o caminho do mar, em Jeri, a 23 km de distância.

Não são praias comuns, dessas com quilômetros de guarda-sóis, quiosques e carrinhos de sorvete. Nada será trivial num lugar onde é possível aproveitar boa parte das férias de pés descalços, dia e noite, já que as ruas não têm calçamento: só
areia fofa. O mesmo vento de qualidade excepcional (sobretudo no segundo semestre) que atrai windsurfistas e kitesurfistas do exterior pode tornar incômodo o banho de sol.

As praias de Jeri convidam a
longas caminhadas pela manhã e no final da tarde. Até a Pedra Furada e Serrote, por exemplo, numa trilha sobre rochas, ou no sentido oposto, para os lados de Guriú e Tatajuba. Nas proximidades do meio-dia, o sol é forte demais.
 
 
A região foi descoberta para o turismo nos anos 80 e desde 2002 a área de 84 km² que engloba as principais atrações da região, suas praias, dunas, lagoas e restingas tem o status de Parque Nacional de Jericoacoara, administrado pelo Ibama. Em 1984, Jeri havia sido transformada em APA (Área de Proteção Ambiental), condição que contribuiu para a conservação de sua peculiar paisagem de caatinga e coqueiros nas beiradas do oceano.

Capoeira, redes e camas king-size


Incluído em pacotes para Fortaleza, o tempo curto de dois ou três dias de visita será sempre melhor do que nenhum dia em Jericoacoara. Mas basta considerar fatores como a dificuldade do acesso, a tristeza dos que partem e a decisão de morar ali de muitos forasteiros para concluir que o lugar merece um tempo mais distendido.


Quem aproveita as férias para se iniciar em esportes vai precisar de uma semana para ganhar segurança nas
aulas de capoeira, windsurfe ou kitesurfe, em Jeri ou no Preá. Quatro ou cinco dias vão presentear o visitante com variações cromáticas do pôr-do-sol e ainda a maré alta ou baixa, que define as chances de mergulho a partir da grande duna. Uma semana é boa medida para dançar forró, reggae, samba, salsa, mambo e outros ritmos da noite de Jeri.

Mais dias num lugar desses, rico em panorama humano, permite acompanhar o intenso entra-e-sai, ver o êxtase dos recém-chegados, fazer amigos de distintas nacionalidades e ainda retornar aos restaurantes prediletos. A
gastronomia de Jeri está ficando mais sofisticada, até para atender aos que podem se dar o luxo de aterrissar de helicóptero, num trajeto de hora e meia desde a capital cearense.

As dezenas de opções de hospedagem também aprimoraram o conforto. Foi-se o tempo em que todos os chuveiros eram frios. Agora existem terraços privativos, jardins ornamentais,
jacuzzi, camas king-size, ar-condicionado, decoração com motivos étnicos. Mesmo as pousadas mais simples oferecem redes, café-da-manhã com granola na varanda e a sombra daqueles cajueiros que tornam doce todo o aroma em volta.

Trata-se de um vilarejo tão fora do comum que vale a pena planejar uma chegada em grande estilo, e não precisa ser de helicóptero. Desde Fortaleza, prefira o ônibus da noite, que em Jijoca passará o bastão e os passageiros para uma
jardineira cruzar as dunas na madrugada. Na confusão dos contornos, os morros de areia iluminados pelas estrelas parecem se espichar, colados às nuvens do céu.

Faz calor, mas é como cruzar por imensas geleiras brancas, sacolejando com a trepidação. A visão dos
jegues na estrada improvisada, tranqüilos, habituados ao ronco da jardineira interrompendo a ceia, lembra o visitante que aquela paisagem extraordinária está no Nordeste brasileiro.


Pelas fotos o lugar é lindo!

Postado por: Marcela Luisa

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