Formiga
A origem do nome
Segundo a tradição popular, o nome da cidade surgiu graças à denominação dada ao rio que a corta. Conta-se que um grupo de tropeiros passando pelo caminho, resolve fazer paragem à beira do rio. Durante a noite, seu carregamento de açúcar é atacado por formigas. Dado esse episódio, resolveram nomear o rio de Rio Formiga.
A origem do nome também é atribuída a Inácio Correia Pamplona, que equiparou os penedos da região, aos Ilheus Formigas nos Açores.
A versão histórica mais aceitável, é que a origem do nome da cidade é proveniente dos índios e escravos fugidos que passavam pelo local. Considerando que a Picada de Tamandua a Pium-í visava a redução do caminho, é de se pensar que havia trânsito constante também de índios e escravos fugidos pelo caminho. Foram estes então, que deram nome ao rio que, posteriormente, deu nome ao povoado que se ergueu.
O primeiro morador
Estima-se que os primeiros habitantes começaram a se estabelecer na região, de forma definitiva, em 1749. A primeira capela foi erguida por solicitação de João Gonçalves Chaves, no ano de 1765. Segundo Saint-Hilaire, em sua passagem na região no ano de 1819, ele encontrou um homem centenário, que dizia-se o primeiro a estabelecer-se no local e que fora quem lançou os alicerces da capela. Sendo assim,[13] João Gonçalves Chaves é considerado o primeiro morador do povoado.
Saint-Hilaire
Em 1819, o francês Saint-Hilaire, em expedição pelo Brasil, passou por Formiga. Em seu livro Viagem às nascentes do rio S. Francisco e pela província de Goiás, ele relata sua passagem pelo então Arraial de Formiga:
"Chegado a Formiga fui apresentar ao comandante da povoação a carta que o capitão-mor de Tamanduá em entregara para ele, e na qual lhe dava ordem para e arranjar um pedestre para me escoltar até Pium-í. O comandante me recebeu muito bem e me recriminou por me ter apeado no albergue. Encontrei reunidos na sua casa, os principais habitantes de Formiga, que eram mercadores e pertenciam à nossa raça. Segundo o costume em vigos nos lugarejos e pequena cidades, usavam uma vestéa de chita, e, por cima desta, uma capa de tecido grosso de lã; seus modos eram mais ou menos dos nossos burguêses do campo. Falou-se muito da França, e me inquiriam se era verdade que as mulheres lá gosavam de tanta liberdade como um outro francês assegurara, passando por esta zona algum tempo antes. Confirmei o que dissera meu compatriota, e as explicações que fiz a respeito pareceram tão estranhas, que um dos assistentes exclamou, pondo as mãos na cabeça: Deus nos livre de semelhante desgraça! Essa pobre gente não pensava que o prisioneiro julga em não tem obrigação nenhuma com o carcereiro que o guarda, e que mais frequentemente se é enganado pelo seu escravo do que pelo homem livre em que se depositou confiança. O arraial de Formiga está situado perto do rio que tem o seu nome, em um grade vale limitado por colinas cobertas de pastagens e bosques. As ruas dessa povoação são mal alinhas, as casas afastada das outras, e quase todas pequenas e mal conservadas. A Igreja está construída na extreidade de uma grande praça, sobre uma plataforma um pouco mais elevada que o resto da vila; não tem teto, é quase nua no interior, e corresponde perfeitamente ao estado miserável das casas. Vêm-se em Formiga, várias lojas e vendas mal sortidas. Uma taboleta muito visível, encimada pelas armas de Portugal, indicava então aonde se vendias as bulas da Santa Cruzada. A loja melhor provida, pareceu-me ser a do biticário; o que exercia essa profissão era ainda um padre, que ele mesmo preparava os remédios, vendia-os e não deixava de dizer missa todos os dias."[14]
Padre Doutor Salvador
Natural de São João del-Rei, Salvador Godoy dos Passos, nascido em 1734, veio ainda moço para Formiga. O título de Padre Doutor deve-se ao seu comércio de boticário no arraial. Figura histórica ilustre no município, seus restos mortais foram sepultados na ainda Igreja de São Vicente Ferrer, aonde serviu como padre durante muitos anos.
Caso o padre boticário citado por Saint-Hilaire fosse o Padre Doutor, este, em 1819, estaria com 85 anos de idade, fato que jamais deixaria de ser mencionado pelo ateciosíssimo sábio francês. Realmente, segundo concluiu o Historiador de Formiga, Dr. Leopoldo Corrêa, "nada provava (ou prova) ser o padre de nossas pesquisas". Anotou, ainda, que o Padre Doutor, cujo nome completo era Salvador Pais Godoi dos Passos, era mencionado em documentos como "Revmo. Dr.", ou seja, reverendíssimo doutor.[15] E ele era mesmo formado em Cânones,[16] ou seja, era mais que um bacharel em Direito, por isto, o seu título de Doutor. Convidado pelo Padre Gaspar Alves Gondin, vigário de Tamanduá, para ser capelão de Formiga, foi também o primeiro juiz de sesmarias da Comarca do Rio das Mortes na região de Formiga-MG, Cristais-MG e Candeias-MG. Segundo o Historiador José Gomides Borges, de Candeias-MG,o Padre Doutor, foi o Juiz de Sesmarias que demarcou judicialmente a Sesmaria do Capitão Domingos Rodrigues Lima Tendais, o primeiro sesmeiro da atual cidade Candeias, em 1º de setembro de 1766.[17]
Antes da Demarcação Judicial da Sesmaria de Candeias, o Padre Doutor, demarcara uma outra, a mais antiga da região: A Sesmaria do Quilombo do Ambrósio, nome oficial com que datou todos os atos judiciais que praticou no processo da demarcação da sesmaria de Constantino Barbosa da Cunha, o primeiro sesmeiro da atual cidade de Cristais, concluído em 2 de julho de 1766,[18] como provou documentalmente o Historiador Tarcísio José Martins, no site Mgquilombo, com tombamento oficial da toponímia "Primeira Povoação do Ambrósio" pela Lei Municipal nº 1.504 de 10.11.2009, aprovada pelo Poder Legislativo, sancionada e promulgada pelo Poder Executivo dessa vizinha cidade.[19] Esse fato é a prova final[20] de que o Quilombo do Ambrósio atacado em 1746 pelos capitães Antônio João de Oliveira e Manuel de Sousa Portugal, ficava mesmo em território da atual Cristais-MG.
O Padre Doutor nasceu em São João Del Rei, mas era filho de pais paulistas. Faleceu com testamento redigido aos 12 de dezembro de 1812 e aberto aos 22 de junho de 1814.[21] Sem herdeiros necessários, deixou legados para vários irmãos e sobrinhos, bem como, para a Capela.[22] Um povoado do município, na zona rural, leva seu nome.
Vila Nova da Formiga
Em 29 de setembro de 1839, o arraial é elevado à categoria de vila. Como já exisitia uma Vila das Formigas, Cônego Manuel Júlio de Miranda, sugere o nome Vila Nova da Formiga. O que é acatado por todos. O primeiro presidente da Câmara de Vereadores foi João Caetano de Souza.
Emancipação
Em 6 de junho de 1858, através da Lei provincial 880, Vila Nova de Formiga é elevada a município, com o nome de Formiga. Wenceslau Alves Belo era então presidente do município.
Turismo
O lago de Furnas atrai muitos turistas à região. Situado a 20 km da cidade, o lago tem ao redor clubes e condomínios. A cidade possui ainda o Cristo Redentor, no morro da Loreta, cachoeiras e lagoas.
Comunicação
Formiga possui 4 rádios FM, 1 AM e 1 canal de televisão, que gera sinal para toda a região, além de contar com três jornais impressos: dois semanários (Tribuna e Nova Imprensa) e um diário (O Pergaminho). Tem ainda a revista A par.
Comentário
Ainda não conheço a cidade, mas tenho varios amigos lá.
Postado por: Marcela Luisa
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